A
Normandia sem dúvida reúne uma bela natureza e muita história, como em toda Europa. Mas
tem uma história recente que é bem marcante nessa região e que foi tema de
vários filmes de Hollywood: O Desembarque na Normandia.
Denominada
Operação Overlord, o desembarque das Tropas Aliadas aconteceu no dia 6 de junho
de 1944 (Dia D) e foi a maior e mais ambiciosa operação anfíbia de todos os
tempos, numa tentativa de libertar a Europa da ocupação nazista durante a 2ª
Guerra Mundial, e foi o princípio do fim da guerra e da queda do
regime de Hitler.
Numa
extensão de cerca de 80 km . de praias francesas, o movimento das tropas foi dividido da seguinte maneira:
- Sword Beach
– Inglaterra
- Juno Beach – Canadá
- Gold Beach – Inlaterra
- Omaha Beach –
Estados Unidos
- Utah Beach – Estados Unidos
Os produtos turísticos da região
são todos feitos em cima destes nomes.
Um Pouco de História
Depois
que Hitler invadiu a Rússia em 1941, o líder russo Stalin começou a pressionar
os Aliados para que fizessem uma frente de batalha na Europa, desviando assim,
recursos alemães na campanha russa. Mas em 1942 uma invasão em grande escala
sería impossível.
Em
1943, numa conferência em que estavam presentes os três grandes líderes
Churchill, Roosevelt e Stalin, ficou decidido que a invasão seria na primavera
de 1944 nas praias normandas.
Os
alemães esperavam que a invasão acontecesse no ponto francês mais próximo da Grã-Bretanha, em Pas-de-Calais. Outros fatores davam essa certeza aos alemães:
agentes duplos passavam falsas informações, documentos filtrados e comunicações
falsas por rádio informavam que seria em Pas-de-Calais e inclusive houve um aumento da movimentação das tropas no sudeste da Inglaterra e bombardeios no norte da
França.
Devido
ao movimento das marés e do tempo imprevisível, os Aliados tinham só alguns
dias por mês para colocar o plano em prática.
Monumento em Courselles-sur-Mer |
Outra
informação histórica que acho relevante para conhecer e entender o entorno dessas
praias, é o Muro do Atlântico. Essa sistema alemão não era um obstáculo contínuo, mas
construções e elementos de defesa ao longo do litoral do Mar do Norte, do
Canal da Mancha e do Atlântico.
Iniciado em 1942, possuía basicamente 5 tipos
de elementos: fortalezas, baterias de artilharia costeiras, bunkers perto das praias, obstáculos nas praias e interior e a
concentração de uns 700 mil homens ao longo da costa.
Numerosos
vestígios ainda podem ser vistos na região.
É
bom ir com tempo, não dá para ver tudo em um dia. Cada cidadezinha tem seu
museu, seu bunker, metralhadora, tanque
e cemitério.
E
os horários não ajudam muito: os museus e os cemitérios costumam fechar no
máximo às 19h (primavera e verão). Não acho um bom horário, levando-se em conta no verão é dia até as 21, 22 horas.
E como se perde um bom
tempo indo de uma cidadezinha à outra, seguramente muita gente dá com a cara na
porta em muitos lugares. Um exemplo aconteceu conosco: na guia oficial dos
museus dizia que o horário de fechamento do Musée du Débarquement Utah Beach era às 19h. Calculamos o tempo que
tínhamos e fomos, chegando às 18h15. Para nossa surpresa, a bilheteria fechada.
Sim, o museu fechava às 19h, mas a entrada só era permitida até as 18h10. Que
raivaaaaa! É uma informação que não pode faltar ao público.
Para
quem quiser ver muitos museus, vale a pena comprar o Normandie Pass. Comprando uma entrada de adulto no primeiro museu
que visitar, por mais 1€, você leva esse passe, que dá direito a descontos em
quase 30 outros.
Quem
estiver disposto a pagar e quiser a comodidade de não ter que ficar buscando no
mapa a próxima atração da próxima cidade, pode comprar circuitos organizados
pelo Mémorial Caen-Normandie, a partir de 39€ por pessoa.
Nos
museus há informações mais bem organizadas com textos e filmes (inglês e
francês, infelizmente).
Se
a ideia é não gastar muito, não tem problema. Nas ruas e praias é possível ver
muita coisa também.
Bisbilhotando pela janela do Musée du Débarquement Utah Beach, que estava fechado. |
Tanque em frente ao Museu, em Utah Beach. |
Nunca
me interessei muito pela história da 2ª Guerra, mas me apaixonei agora,
estudando e vendo ao vivo um dos palcos principais
desse nosso passado recente. Para quem como eu não se interessava por esse
assunto, aconselho a dar uma lida mais aprofundada antes de fazer o passeio,
para tirar o máximo proveito de cada praia.
Não deixe de ver
Point du Hoc – a ocupação dessa falésia ficou a cargo dos Rangers. Podemos ver
vestígios da bateria alemã e o terreno esburacado pelos bombardeios. Foi cedido
em 1979 pela França ao Governo dos Estados Unidos. Onde? Em CRICQUEVILLE-EN-BESSIN.
Omaha Beach – a batalha mais brutal do Dia D aconteceu nessa praia, tendo ficado
conhecida como Omaha, a Sangrenta. Muitos filmes retratam essa invasão, dentre
eles uma parte de “O Resgate do Soldado Ryan”. Hoje em dia não tem muita coisa,
só alguns monumentos e o Musée Memorial d’Omaha Beach, mas é interessante pelo
peso que teve. Onde? Em SAINT-LAURENT-SUR-MER.
Omaha Beach |
Cemitério Militar Americano – com 9.387 tumbas perfeitamente alinhadas, ocupa
uns 70 hectares
perto de Omaha Beach. É bem pomposo, no jeito americano de ser. Onde? Em COLEVILLE-SUR-MER.
Cemitério Alemão – possui 21.222 tumbas, distribuídas em 7 hectares . O túmulo do
meio, com uma cruz negra de basalto, é uma
fossa comunitária com 300 corpos. Onde? Em LA CAMBE.
Bateria de Longues-Sur-Mer – É a única bateria que conserva seus canhões de origem
e a única defesa costeira alemã classificada como “Monumento Histórico” nas
praias normandas. Onde? Em LONGUES-SUR-MER.
Baterias de Longues-Sur-Mer |
Vista de dentro da Bateria. O soldado ficava sentadinho aí dentro do canhão! |
Arromanches – aqui nessa cidadezinha podemos ver os restos duma maravilha da engenharia,
o Porto Mulberry. Com a necessidade de descarregar o enorme aparato militar necessário
na invasão e prevendo as dificuldades de controlar algum porto, Churchill
ordenou a construção de portos artificiais, feitos da união de grandes blocos
de concreto. As peças foram construídas na Inglaterra e transportadas ao local
por mar. No segundo dia após a invasão, no dia 7, iniciou-se a construção de
dois portos, mas há poucos dias de construídos, uma forte tempestade arrasou
com o da praia de Omaha, só restando o da praia de Arromanches.
Centro Juno Beach – único Museu canadense da região, conta sobre a história e o papel do
Canadá na Guerra. Onde? Em COURSELLES-SUR-MER.
Há muito mais coisas interessantes para conhecer. Um
bom começo de pesquisa acho que pode ser esse site: http://www.normandiememoire.com/
Vale a pena pesquisar antes!
Quer ler sobre outra experiência nas praias da Normandia? Dá uma olhada neste post do blog Atravessar Fronteiras!!
* Mapa no início do post: Operations Greenwood and Pomegranate Normandy July 1944 EN.svg: Philg88Derivative work: Hogweard [CC BY 4.0 (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0)]
* Mapa no início do post: Operations Greenwood and Pomegranate Normandy July 1944 EN.svg: Philg88Derivative work: Hogweard [CC BY 4.0 (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0)]
Tudo muito bem explicado e didático. Fazendo uma busca, era isso o que eu queria.Visitarei tudo isso em breve. Muito obrigada.
ResponderExcluir:D Eu que agradeço, Eliane! Que bom que vai te ajudar, boa viagem!
ExcluirOi, Lidiane! Meu nome é Eleazar e estou publicando um livro sobre os lugares da II Guerra Mundial na Europa. Sobre o mapa que abre esse seu post, pergunto se é seu ou se você obteve autorização para utilizá-lo. É que estou procurando um mapa que não tenha direitos autorais sobre a Normandia. Obrigado por sua atenção.
ResponderExcluirOlá, Eleazar! Desculpe a demora em responder. Esse post foi escrito quando eu ainda não sabia muito desse mundo de direitos autorais, então não me lembro de onde tirei o mapa. Por via das dúvidas, troquei por um mapa Creative Commons. Se esse novo mapa for útil pra você, o endereço dele está no final do post. Obrigada pela visita e bom trabalho com o seu livro!
ExcluirOi, Lidiane! Obrigado por sua resposta. Acabei achando um mapa razoável na Shutterstock, por um preço em conta. Havia mapas melhores, mas não queria correr o risco - nem a editora quis - de utilizar um mapa que tivesse direitos autorais que pudessem ser contestados. Muito obrigado de qualquer forma.
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