Père-Lachaise – O Cemitério Mais Famoso e Visitado do Mundo

Alameda Père-Lachaise

Com suas mais de 70.000 tumbas distribuídas por 44 hectares (mais ou menos 50 campos de futebol) divididas em 93 áreas, o Père-Lachaise é o mais ilustre cemitério da capital francesa e também o mais visitado do mundo, com cerca de 3 milhões de visitas anuais.

A grande quantidade de famosos enterrados, suas imponentes esculturas em homenagem aos que já partiram e suas lindas alamedas, transformam o que seria um passeio um tanto quanto mórbido numa agradável visita a um museu a céu aberto.

Turistas e moradores compartilham a calma do lugar, seja visitando as tumbas mais conhecidas ou sentado em algum banco lendo tranquilamente um livro.


Père-Lachaise

Um Pouco da História do Père-Lachaise


O Cemitério Père-Lachaise é o mais antigo dos quatro mais importantes de Paris. Foi inaugurado em 1804, época em que o recém proclamado imperador Napoleão impulsionava a modernização de Paris, incluindo a descentralização dos cemitérios para as aforas da cidade.

O cemitério recebeu esse nome em homenagem ao sacerdote e confessor de Luís XIV, François d’Aix, senhor de La Chaise Le Père La Chaise (Padre La Chaise), antigo administrador do terreno.

Inicialmente, o cemitério não foi bem aceito pela alta sociedade parisiense, pois estava distante do centro num lugar de difícil acesso e respeitava o princípio de igualdade, podendo qualquer um ser enterrado ali, independente de posição social, religião, nacionalidade etc.

A “demanda” era tão baixa, que após 8 anos da inauguração, somente 833 pessoas haviam sido sepultadas no Père-Lachaise.

A coisa começou a mudar, quando em 1817 começaram a ser transladados os restos de famosos da época e de épocas mais antigas, com a intenção de popularizar o cemitério.

Molière (1622-1673, autor de teatro – Divisão 25), La Fontaine (1621- 1695, escritor – Divisão 25) e os amantes lendários Heloise e Abelard (1101- 1164)(1079-1142) – Divisão 7, foram os quatro primeiros inquilinos ilustres e que atraíram a aristocracia parisiense, transformando-o no preferido dos ricos.

Após isso, sofreu reformas de ampliação em cinco ocasiões.

Com a expansão da cidade, atualmente, o cemitério faz parte de Paris, situando-se a leste no 20º Arrondissement e tem também a maior área verde da cidade.

Père-Lachaise

Alguns dos Famosos Enterrados


Não dá pra colocar aqui o nome de todos os inquilinos-celebridade do cemitério, então deixo aqui uma listinha básica.

Nos campos da literatura e teatro: Molière (+1673 – Divisão 25), Marcel Proust (+1922 – Divisão 85), Oscar Wilde (+1900 – Divisão 89), Apollinairey Honoré de Balzac (+1850 – Divisão 48), Jean de La Fontaine (+1695 – Divisão 25).

No campo da música: Frédéric Chopin (+1849 – Divisão 11), Jim Morrison (+1971 – Divisão 16), Edith Piaf (+1963 – Divisão 97), Gioacchino Rossini (+1868 – Divisão 4)

No campo da pintura: Camille Pissarro (+1903 – Divisão 7), Théodore Géricault (+1824 – Divisão 12), Eugéne Delacroix (+1863 – Divisão 49)

Nos campos da filosofia e religião: Allan Kardec (+1869 – Divisão 44), Auguste Comte (+1857 – Divisão 17)

Tumba Edith Piaf no cemitério Père-Lachaise
Tumba da cantora francesa Edith Piaf e família.

Algumas Histórias dos Ilustres e Eternos Moradores do Pére-Lachaise

Victor Noir (+1870 – Divisão 92)

Victor Noir é famoso graças ao Père-Lachaise. Após uma discussão com Pierre Napoleón Bonaparte, primo do Imperador Napoleón III, Noir recebeu um tiro e morreu. Em sua homenagem, foi construída para seu túmulo uma estátua de bronze em estilo realista. A estátua tem uma certa protuberância nos “países baixos”, não sabendo-se ao certo se foi intencional ou não. A fama de Noir veio com uma lenda que se espalhou: colocando-se uma flor no chapéu da estátua, depois de beijá-la na boca e dar uma passadinha de mão nos “países baixos” do moço, é garantia de fertilidade, de uma vida sexual feliz ou de conseguir marido dentro de um ano. Há quem vá além da passada de mão. É só buscar na internet por imagens, que veremos a loucura que a mulherada faz!

Estátua de Victor Noir em sua tumba. (Foto: Neil Howard)

Abelard e Heloise (+1142) (+1164) – (Divisão 7) 

A história de amor impossível entre os dois amantes é uma das mais conhecidas da Idade Média. Abelard foi um grande filósofo de sua época, e foi contratado para ser professor de Heloise, uma jovem rica. Os dois começaram um romance e tiveram um filho. Quando o tio da jovem ficou sabendo, colocou Heloise em um convento e mandou castrar Abelard, exilando-o. Continuaram trocando cartas de amor até o fim de suas vidas. A tumba dos dois é cheia de cartas de casais apaixonados.

Tumba de Heloise e Abelard. (Foto: Patrick T. Power)

Oscar Wilde (+1900 – Divisão 89)

O famoso escritor irlandês está enterrado no Père-Lachaise desde sua morte, em 1900. Em 1912 foi erguida uma tumba com um anjo voando, que sobreviveu quase intacta até 1985, quando alguém dilapidou a genitália da estátua. E em 1999 começou uma tradição: os fãs do escritor deixavam marcas de batom na lápide. Para protegê-la, em 2011 a família mandou colocar uma barreira de vidro. 

Quando fiz a visita, havia alguns beijos no vidro, várias cartas com beijos espalhadas ao redor do túmulo e resquícios dos beijos na lápide.

Tumba Oscar Wild no cemitério Père-Lachaise
Tumba de Oscar Wilde protegida por um vidro.

Tumba Oscar Wild no cemitério Père-Lachaise
Bilhetinhos deixados por fãs do escritor Oscar Wilde em sua tumba.

Jim Morrison (+1971 – Divisão 16)

O cantor norte-americano vocalista do grupo de rock The Doors morreu em Paris de causas desconhecidas, possivelmente de overdose.

Sua tumba é a mais visitada do Père-Lachaise e uma das 5 mais visitadas do mundo, só atrás de Marilyn Monroe, Michael Jackson, William Shakespeare y Elvis Presley. Antigamente, havia um busto de bronze em sua tumba, mas foi roubada. Quando a visitei em 2014, havia uma foto dele no lugar do busto. Tanto fanatismo causa muitos problemas para a administração do cemitério. Já foram encontrados nas imediações da tumba seringas de drogas, garrafas de whisky, gente fazendo sexo... A lápide teve que ser cercada. O que vi foi uma árvore cheia de recadinhos e chicletes mascados colados.

Obs. Há quem acredite que Jim Morrison não morreu! Nem o Elvis, nem Michael Jackson...

Túmulo de Jim Morrison no Père-Lachaise
Túmulo do ex-líder do Doors, Jim Morrison.

Os recadinhos para o cantor são nessa árvore.

Allan Kardec (+1869 – Divisão 44)

Muitos turistas já vão ao Père-Lachaise com a ideia do que querem ver. A do codificador do espiritismo certamente é uma das lápides preferidas de turistas brasileiros, já que o Brasil é país com o maior número de espíritas do mundo.

O túmulo de Hippolyte Léon Rivail (verdadeiro nome de Kardec) é de granito puro feito em formato de dólmen. É um dos túmulos mais floridos do Père-Lachaise.

Túmulo de Allan Kardec no Père-Lachaise.

Alguns Memoriais em Homenagem a Grandes Tragédias 

Às Vítimas do Vôo AF447 Rio-Paris 

O memorial às vítimas do voo AF447 da Air France que caiu no Oceano Atlântico em 1º de junho de 2009 matando todos os 228 ocupantes, é feito de um material transparente. Nele estão desenhadas 228 aves em referência às vítimas.

Memorial às vítimas do voo AF447 no Père-Lachaise
Memorial às vítimas do voo AF447 no Père-Lachaise

Muro dos Federados 

Esse muro simboliza a luta pela liberdade. Nesse local, em 28 de maio de 1871, 147 Federados, combatentes da Comuna de Paris, foram fuzilados e jogados numa fossa comum aos pés do muro.

Às Vítimas do Campo de Concentração Mauthausen-Gusen 

Esses campos nazistas eram os únicos de “grau III”, considerados os mais duros para os "inimigos políticos incorrigíveis do Reich". Ao contrário de outros campos, que recebiam todo o tipo de prisioneiros, o Mauthasen-Gusen foi utilizado principalmente para matar a intelectuais, gente importante e da alta classe.

Há muitos outros memoriais aos mortos e heróis da Segunda Guerra, de acidentes aéreos, e várias outras homenagens aos que já partiram.

Às Vítimas do Campo de Concentração Mauthausen-Gusen

                        Às Vítimas do Campo de Concentração Mauthausen-Gusen 

Informações Úteis 

A entrada é gratuita e não há nenhum serviço de guia oficial do cemitério, mas várias empresas oferecem roteiros temáticos. Não vou recomendar nenhuma empresa específica, pois não usei de nenhum desses serviços.

Sugiro ir com um calçado leve e confortável, a caminhada é longa. Leve água.

Apesar da beleza, não deixa de ser um cemitério antigo. Muitas tumbas estão mal conservadas e parecem saídas de um filme de terror.

O cemitério é dividido por divisões, que seriam quarteirões, ruas e avenidas. Um mapa facilitará mais o seu passeio. No final do post, há um link disponível de um mapa (em espanhol), se já quiser imprimir.

Escultura no cemitério Père-Lachaise

Horários

6 de Novembro a 15 de Março - de Segunda a Sexta - das 8h00 às 17h30. Sábados das 8h30 às 17h30. Domingos e feriados das 09h00 às 17h30.

16 de Março a 5 de Novembro -  de Segunda a Sexta - das 08h00 às 18h00. Sábados das 08h30 às 18h00. Domingos e feriados das 09h00 às 18h00.

A última entrada permitida é 15 min. antes do horário de fechamento.

Como Chegar

A França está em alerta contra o terrorismo (Plan Vigipirate). Em razão disso, somente duas portas estão abertas o dia todo.

Porta Principal (Boulevard de Ménilmontant) – linhas de ônibus 61 e 69. Metrô parada Philippe-Auguste.

Porta Gambetta – (Av. du Père-Lachaise) – linhas de ônibus 26, 60, 61, 64, 69 e 102. Metrô parada Gambetta.

A porta de La Réunion (Rue de la Réunion) está aberta somente de 8h (dias de semana) ou 8h30 (sábado) ou 9h (domingos e feriados) até 9h30. E depois reabre perto do horário de fechamento, de 16h às 17h30. O ônibus é o da linha 76.

Père-Lachaise na web





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7 comentários

  1. Muito bacana teu blog Lidiane.. Como sou apaixonado por História e Geografia, amei!Parabéns e obrigado

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    1. Poxa, Manoel! Eu que te agradeço pela visita. E melhor ainda que tenha gostado! Também adoro história e geografia, por isso tento focar esses assuntos nos posts. Abç

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  2. Adorando seu blog Lidiane. Minha filha estudou turismo em BH tb. Será que se conheceram? Elena Gomes de Paiva

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    1. Obrigada, Nalva!!Pelo nome não reconheço, pode ser que de vista sim. Eu estudei no UNI-BH e me formei em 2005 (tem um tempinho já! hahahah).

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  3. Um espetáculo o seu texto sobre o cemitério mais famoso de Paris.
    Eu já o visitei há alguns anos atrás.
    Parabéns

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  4. Amei todas as informações. Me senti em Paris, sem sair de casa. Tudo muito bem detalhado e ilustrado. Merci Beaucoup.

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  5. Parabéns , muito elucidativo....em 2023 pretendo visitar o Pére-Lachaise....... História pura.

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