É cada vez mais comum presentear alguém com um livro e uma rosa no dia 23 de abril, Dia Internacional do Livro. Mas como surgiu essa tradição? Te conto aqui como tudo começou.
O dia 23 de abril, é dia de um dos santos mais venerados das Igrejas Católica Romana, Anglicana e da Ortodoxa, e no Brasil, também das religiões afro-brasileiras, onde é associado a Oxossi ou a Ogum e tem ligação com a lua.
A Lenda de São Jorge na Catalunha e Como Surgiu a Tradição dos Livros e Rosas
O dia 23 de abril, é dia de um dos santos mais venerados das Igrejas Católica Romana, Anglicana e da Ortodoxa, e no Brasil, também das religiões afro-brasileiras, onde é associado a Oxossi ou a Ogum e tem ligação com a lua.
Sua história podia ser também a do mito de Perseu, onde o herói
salva a princesa da besta. (Salvador, Vítima, Persecutor)
Mas como diria
o Seu Jorge sobre o São Jorge, na canção Alma
de Guerreiro: “Jorge vem de lá da
Capadócia, montado em seu cavalo, na mão a sua lança...”
São Jorge é
um padroeiro bastante requisitado em várias partes do mundo, e por isso sua
lenda muda e tem particularidades de região pra região. Só pra citar algumas, é
padroeiro de Portugal, Inglaterra, Etiópia, da cidade do Rio de Janeiro
(carinhosamente, já que o verdadeiro é São Sebastião) e da Catalunha.
Sabe-se muito
pouco sobre a verdadeira história, mas resumindo, São Jorge foi um soldado
romano e conselheiro do imperador Diocleciano, e se converteu ao cristianismo,
abandonando tudo e repartindo seus bens entre os pobres. Com a caça aos
cristãos na moda, deu seu testemunho de fé publicamente, então foi torturado para que
abandonasse a nova crença, e com a negação, foi decapitado no ano de 303.
Tornou-se um mártir e teve o dia 23 de abril (supostamente foi morto nesse dia)
feito sua data de comemorações oficial.
E é sobre a
comemoração da Diada de Sant Jordi
(Dia de São Jorge, em Catalão) que vou falar um pouquinho.
Vamos
entender a lenda local (foi a mais frequente que vi, há outras versões):
Num certo
país, havia um dragão que atacava o reino, e para acalmar a fera, os moradores
sacrificavam ovelhas todos os dias ao bicho. Mas o dragão era guloso e as
ovelhas acabaram. O povo, então, começou a sortear donzelas indefesas, até que
um dia, quem acertou a loteria foi a princesa. Aí é que entra em cena o nosso
guerreiro! Ele mata o dragão, e do sangue que escorre do bicho, nasce uma rosa
vermelha, que Jorge entrega à princesa.
Tchanran!!
Daí surge o costume na Catalunha de presentear as mulheres, nesse dia, uma
rosa vermelha (simboliza a paixão) com uma rama de trigo (simboliza a
fecundidade). Essa tradição remonta o séc. XV, quando existia a Feira das
Rosas, em Barcelona, e se presenteavam as mulheres que assistiam a missa na
Capela de São Jorge no dia 23 de abril.
Já as
mulheres presenteiam os homens com um livro. Livro, rosa... Rosa, livro? O que
tem a ver? Nada. O livro é para comemorar o Dia Internacional do Livro, que
começou a ser celebrado na Espanha em 1929 e se estendeu para todo o mundo. Em
23 de abril de 1616, teriam morrido o escritor espanhol Miguel de Cervantes e o
inglês William Shakespeare (mas atenção: Cervantes teria sido enterrado em 23
de abril, mas morrido em 22. E Shakespeare morreu em 23 de abril do calendário
juliano, o atualmente usado é o gregoriano. Ou seja, dará uma diferença de 10
dias entre a morte de um e outro).
Rambla Nova - Tarragona 23/04/13 |
O caso é que Sant Jordi está arraigado na cultura
catalã desde a época medieval. É visto em histórias de reis que usavam seus
milagres em batalhas contra o povo infiel (invasão árabe), em que a vitória era
garantida.
Hoje, por
toda Catalunha, o dia é comemorado pela população na rua, com espetáculos,
feira de livros com descontos, apresentações culturais, bandeira catalã nas
janelas e rosas, muitas rosas!
A Rambla Nova
de Tarragona hoje, parecia um formigueiro. E a venda dos livros e das rosas é
democrático, feita por associações de moradores, partidos políticos,
estudantes, ONG´s, livrarias...
Só há um
probleminha que os catalães costumam queixar-se. No dia do padroeiro, nada
de descanso, nada de feriado. É dia de trabalho! Pois, vamos à luta!
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