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(Foto: National Geographic) |
Essa é Sines, cidade do litoral alentejano, terra que viu nascer Vasco da Gama, o famoso navegador que descobriu caminhos marítimos pelo mundo afora, com destaque para o caminho das Índias.
A
parte histórica e a avenida da praia estão parecendo um canteiro de obras, já
que estão com um Projeto de Regeneração Urbana, visando melhorias.
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Bem no centro histórico, no Largo Poeta Bocage, ao lado do Castelo e da Igreja
Matriz de São Salvador, fizeram uma vala para enterrar uns cabos de
média-tensão. E estavam à espera de encontrar algo mais que terra e pedra, já
que historicamente as áreas em torno das igrejas foram utilizadas como
cemitérios.
Eles
estavam certos! Amei esses achados!
Segue
o que foi descoberto até o dia 23 de abril de 2013, pela equipe de antropólogos e arqueólogos
da empresa Smile at Culture:
“A
escavação arqueológica iniciada no Largo Poeta Bocage, no dia 18 de Março,
permitiu identificar até ao dia 19 de Abril, 23 enterramentos e 3 ossários. A
intervenção arqueológica está a decorrer num troço de vala com cerca de 20 metros de extensão. Na próxima
segunda-feira (22 de Abril) será aberta uma nova área de escavação, com o
reforço da equipa técnica. Durante o processo de escavação, concluiu-se que
houve uma escavação no subsolo de grande dimensão algures durante o século XX
ou XXI que provocou a destruição de dezenas de enterramentos e de níveis
arqueológicos de época romana. Nas quadrículas afetadas por esta intervenção
foram recolhidos diversos objetos de época romana, nomeadamente sigillata,
tessela, fragmentos de fíbulas, botões, etc. Grande parte dos enterramentos
escavados até ao momento foram parcialmente destruídos por esta intervenção.
Relativamente à necrópole, trata-se da necrópole da antiga igreja matriz,
caracterizada por sepulturas escavadas no sedimento com orientação Poente-Nascente.
O espólio associado aos enterramentos é raro, sendo possível datar os
esqueletos levantados ao século XVI. A equipa técnica pode avançar com alguns
dados preliminares: trata-se de uma população que não ultrapassa os 40 anos de
idade, com alguns casos de desgaste moderado/elevado, por vezes atípico, dos
dentes. Destacam-se, até ao momento, uma inumação (enterramento nº 1) de um
adolescente com um ritual funerário pouco comum, pelo facto de ter um prego
espetado na tíbia, não se ter encontrado pés, e de ter sido identificado vários
fragmentos do que possa ser uma corrente em volta do tornozelo. A equipa
técnica tem recolhido amostras de sedimento no sacrum, que serão enviados para
a Fundação Oswaldo Cruz, no Brasil, para se analisar o tipo de alimentação que
teria a população de Sines no século XVI.”
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Adorno de bronze do séc I/II, podendo tratar-se de uma insígnia militar dos legionários romanos. |
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Adolescente masculino (13-16 anos) enterrado sem os pés e com um prego na tíbia. |
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Ceitil de D. Manuel I, moeda antiga portuguesa. |
Tenho
muito carinho por Sines, e como uma apaixonada pelo passado, quero muuuuuuito que encontrem
mais coisas.
Quem
quiser ver mais fotos, pode acompanhar pela página no Facebook da Smile at Culture.
Atualização: As decobertas colocaram Sines no mapa do comércio de escravos no período colonial e renderam uma super reportagem na revista National Geographic em 2016. Você pode ler a reportagem aqui.
Atualização: As decobertas colocaram Sines no mapa do comércio de escravos no período colonial e renderam uma super reportagem na revista National Geographic em 2016. Você pode ler a reportagem aqui.
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